A importância da tromboprofilaxia na gestão de serviços de fisioterapia hospitalar

Quando evidências clínicas orientam decisões de gestão

A segurança do paciente é um dos pilares da qualidade assistencial — e a tromboprofilaxia tem papel fundamental nesse contexto. Um estudo publicado na Revista de Enfermagem e Atenção à Saúde avaliou a adequação da profilaxia de tromboembolismo venoso (TEV) em um hospital de urgência e trauma em Goiás e revelou dados preocupantes: mais de 36% dos pacientes internados receberam profilaxia inadequada, seja por ausência de prescrição, falhas na execução ou uso incorreto de medidas preventivas.

Além disso, o estudo destacou que 62% dos pacientes apresentavam risco moderado ou alto para TEV, mas nem todos receberam condutas compatíveis com esse risco — evidenciando lacunas entre o diagnóstico clínico e a prática assistencial.

Esses achados reforçam um alerta importante para gestores hospitalares e de fisioterapia: a prevenção de eventos tromboembólicos não depende apenas de medicamentos, mas de uma gestão integrada entre equipes, protocolos e processos assistenciais.

Do cuidado clínico à gestão estratégica

Os resultados do estudo evidenciam um princípio essencial da gestão em saúde: a qualidade assistencial é construída a partir de decisões baseadas em dados e diretrizes.
No contexto hospitalar, compreender o perfil de risco dos pacientes e garantir a aderência às condutas de profilaxia exige coordenação entre diferentes setores — corpo clínico, enfermagem, farmácia e fisioterapia.

Para a gestão, esses resultados se traduzem em indicadores de segurança, protocolos institucionais bem definidos e educação permanente das equipes. Quando a tromboprofilaxia é tratada como um processo organizacional, e não apenas uma conduta médica isolada, ela se torna um exemplo de como alinhar cuidado, eficiência e sustentabilidade.

A fisioterapia como agente ativo de prevenção

Entre as medidas profiláticas descritas no estudo, a mobilização precoce é apontada como uma estratégia mecânica eficaz para reduzir o risco de trombose venosa profunda — uma ação diretamente relacionada à fisioterapia hospitalar.

Esse achado amplia a compreensão sobre o papel do fisioterapeuta: não apenas reabilitar, mas prevenir complicações e promover segurança.
Quando o fisioterapeuta participa desde a admissão do paciente, contribui na estratificação de risco, na definição do plano de mobilização e na monitorização da resposta funcional, ele atua de forma integrada à equipe multiprofissional e agrega valor clínico e gerencial ao cuidado.

Protocolos integrados e gestão de resultados

Com base em evidências como as do estudo, os gestores de fisioterapia podem adotar uma abordagem mais estruturada, criando protocolos de mobilização precoce alinhados às diretrizes médicas e às políticas institucionais.

Esses protocolos podem ser acompanhados por indicadores simples, mas altamente sensíveis à qualidade do cuidado:

  • Percentual de pacientes mobilizados nas primeiras 48 horas de internação;

  • Tempo médio até a deambulação assistida;

  • Aderência ao plano de mobilização.

Monitorar esses indicadores fortalece a atuação da fisioterapia e demonstra seu impacto na segurança e na eficiência hospitalar — dois pilares indispensáveis para a sustentabilidade dos serviços de saúde.

Movimento baseado em evidências

Na Cinesia, acreditamos que movimento é transformação — não apenas no corpo humano, mas também nas organizações.

Incorporar evidências científicas à prática da gestão é o que permite transformar a fisioterapia em um serviço estratégico, que gera valor clínico, econômico e humano.

A tromboprofilaxia é um exemplo claro de como a integração entre ciência, gestão e prática assistencial pode salvar vidas — e fortalecer a fisioterapia como parte essencial da gestão da qualidade em saúde.

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